quarta-feira, 23 de março de 2011

HISTÓRIA DO ALFREDÃO

Paz e amor, Bicho!

Você me amarrou na sua de cara legal, muito barra limpa. Achei jóia a sua quando sacou que eu estava na pior com a máquina, transando no meio do mato e dentro daquele breu. O envenenamento do meu carango sempre me deixou baratinado, e você ligou bacana, levando-me para seu “hábitat”.
No dia seguinte, com a colher de chá que você me deu com seu trato, consegui emplacar no asfalto e batalhei firme, numa carona até conquistar a metrópole.
Como não podemos tratar melhor, espero você para vir moitar uns dias comigo, em minha lona legal, onde poderemos curtir fino papo com a turma e levá-lo a transar com as doidonas das motocas, com suas calças apertadas e blusas transparentes. Você irá comigo para um inferninho e curtiremos um som jóia ou sacaremos umas minas no asfalto para um programa bem legal.
Fique na minha, bicho, que você vai gamar.
Do chapa.



Senhor Alfredão.


Não entendi bulhufas de sua carta, é muito confusa e estou muito aborrecido em você começar me chamando de bicho, quando fui seu amigo sem o conhecer, além do mais devo dizer-lhe que sou homem pra burro, se quiser experimentar, volte aqui novamente, seu cachorrão.
Não amarrei você em coisa alguma, o que fiz foi tratá-lo como gente civilizada. Se você praticou é roubo, caso de polícia.
Outra coisa errada sua, é que não tirei você de nenhum breu, que aqui não existe. Acho que você está meio tantã.
Também não lhe dei nenhuma colher de chá, e se, por acaso, você levou alguma coisa, em que você, pelo que senti, é costumeira, pode ficar com ela de recordação.
Gostaria que você me dissesse qual foi o cretino que jogou veneno no seu carro, pois se foi algum empregado meu, vou mandá-lo embora. Com relação aos papos curtidos, não vou poder atender: aqui não tem curtume e não vou sacrificar os meus perus e minhas aves para mandar os papos para você.
O tal negócio de jóias e minas não serve para mim, nunca tive tempo nem gosto de bancar o garimpeiro.
Olha, moço, eu aqui sou muito conhecido e respeitado por todos: pelo juiz, pelo senhor prefeito, pelo senhor padre, pelos políticos e pelo povo, e nunca ninguém me chamou de bicho ou por nome de outros animais, e é por isso que não posso ficar na sua.
Do Bertulino.

Um comentário:

  1. E muito interessante esse texto ri demais a primeira vez que li a 7 anos atrás.

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